As primeiras videiras são trazidas ao Brasil por Martim Afonso de Souza, que vem de Portugal com o objetivo de disseminar a agricultura na nova colônia. As mudas de Vitis vinifera são plantadas na Capitania de São Vicente, no sudeste do país, mas as condições desfavoráveis de clima e solo impedem que a experiência siga adiante.
Membro da expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, o jovem Brás Cubas insiste no cultivo de videiras, transferindo suas plantações do litoral para o Planalto Atlântico. Em 1551, ele consegue extrair o caldo de uvas Vitis viniferas, elaborando o primeiro vinho brasileiro. Sua iniciativa, contudo, não é duradoura, devido às condições de clima e solo.
A chegada dos jesuítas à região das Missões impulsiona a vitivinicultura no extremo sul do Brasil. A introdução de videiras no Rio Grande do Sul é creditada ao Padre Roque Gonzales de Santa Cruz, que conta com a ajuda de índios guaranis na manutenção das plantas e na elaboração de vinho, elemento fundamental nas celebrações religiosas.
É realizada a primeira degustação orientada no Brasil, relatada na 1ª Ata da Câmera de São Paulo. A intenção é padronizar os vinhos comercializados no país, descartando os que não atingem qualidade mínima. A ação é voltada principalmente aos produtores do Sudeste, que seguem os passos de Brás Cubas e persistem no cultivo de uvas em locais inadequados.
Imigrantes portugueses, principalmente os açorianos, passam a povoar a zona litorânea do Rio Grande do Sul, formando colônias nas cidades de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, em um processo que se estende até 1773. Eles trazem na bagagem mudas de Vitis vinifera das ilhas dos Açores e da Madeira, mas a falta de incentivo e de técnicas adequadas de cultivo fazem com que as plantações não ganhem expressão.
Percebendo a multiplicação das iniciativas em torno da vinicultura no Brasil, a corte portuguesa proíbe o cultivo de uva no país como forma de proteger sua própria produção de vinho. A medida inibe a comercialização da bebida na colônia e restringe a atividade ao ambiente doméstico.
No ano da transferência da coroa portuguesa para o Brasil, com a vinda da família real, não só é derrubada a proibição ao cultivo da uva como ganham corpo os hábitos em torno do vinho. A bebida é incorporada a refeições, reuniões sociais e às numerosas festividades religiosas.
O pioneirismo gaúcho na vinicultura se materializa na figura de Manoel Macedo, produtor localizado nas proximidades da cidade de Rio Pardo. Em um período que se estende até 1835, ele registra a elaboração de até 45 pipas em um ano, o que lhe rende a primeira carta-patente para a produção da bebida no país, concedida pela Junta do Comércio do Rio de Janeiro.
O início da colonização alemã amplia o número de imigrantes interessados no cultivo da uva. Na mesma época, o italiano João Batista Orsi se estabelece na Serra Gaúcha e, com a concessão de Dom Pedro I para o cultivo de uvas europeias, torna-se um dos precursores da cadeia produtiva do vinho na regiã
Pelas mãos do comerciante inglês Thomas Messiter, são introduzidas nas lavouras gaúchas as uvas Vitis lambrusca e Vitis bourquina, de origem americana. Mais resistentes a pragas e doenças, as mudas foram inicialmente plantadas na Ilha dos Marinheiros, localizada na Lagoa dos Patos, mas logo se espalham pelo Estado.
A uva Isabel, uma das variedades americanas introduzidas no Rio Grande do Sul, ganha rapidamente a simpatia dos agricultores, por sua resistência a doenças. Há registros de que, por volta de 1860, ela já formava vinhedos nas cidades de Pelotas, Viamão, Gravataí, Montenegro e municípios do Vale dos Sinos.
A família real portuguesa começa a tomar consciência da produção enológica no sul do país. Em viagem à Europa e ao Oriente, Dom Pedro II embarca uma pequena carga de vinho nacional para mostrar aos anfitriões. As exportações, contudo, têm início só no ano seguinte, em quantidades pequenas, sob o título de Vinho Nacional de São Leopoldo.
O grande salto na produção nacional de vinhos ocorre com a chegada dos imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul. Trazendo de sua terra natal o conhecimento técnico de elaboração e a cultura do consumo da bebida, eles elevam a qualidade da bebida e conferem importância econômica à atividade. Muitos trazem mudas de viníferas da Europa, mas as abandonam em razão da dificuldade de adaptação.
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